domingo, 17 de julho de 2011

LIvro apocrifo de Melaquisedeque.

20 20Europe/Lisbon Setembro 20Europe/Lisbon 2009
Pseudo
Epígrafo de Gênesis
Livro
de Melquisedeque
(Observação)
A
Criação do Universo I
Antes que existisse uma estrela a brilhar, antes que
houvesse anjos a cantar, já havia um céu, o lar do
Eterno, o único Deus.
Perfeito
em sabedoria, amor e glória, viveu o Eterno uma eternidade,
antes de concretizar o Seu lindo sonho, na criação do
Universo.
Os
incontáveis seres que compõem a criação
foram, todos, idealizados com muito carinho. Desde o íntimo
átomo às gigantescas galáxias, tudo mereceu Sua
suprema atenção.
Movendo-Se
com majestade, iniciou Sua obra de criação. Suas mãos
moldaram primeiramente um mundo de luz, e sobre ele uma montanha
fulgurante sobre a qual estaria para sempre firmado o trono do
Universo. Ao monte sagrado Deus denominou: Sião.
Da
base do trono, o Eterno fez jorrar um rio cristalino, para
representar a vida que d’Ele fluiria para todas as criaturas.
Como
sala do trono, criou um lindo paraíso que se estendia por
centenas de quilômetros ao redor do monte Sião. Ao
paraíso denominou: Éden.
Ao
sul do paraíso, em ambas as margens do rio da vida, foram
edificadas numerosas mansões adornadas de pedras preciosas,
que se destinavam aos anjos, os ministros do reino da luz.
Circundando
o Éden e as mansões angelicais, construiu Deus uma
muralha de jaspe luzente, ao longo da qual podiam ser vistos grandes
portais de pérolas.
Com
alegria, o Eterno contemplou a Capital sonhada.
Carinhosamente,
o grande Arquiteto a denominou: Jerusalém, a Cidade da Paz.
Deus
estava para trazer à existência a primeira criatura
racional. Seria um anjo glorioso, de todos o mais honrado. Adornado
pelo brilho das pedras preciosas, esse anjo viveria sobre o monte
Sião, como representante do Rei dos reis diante do Universo.
Com
muito amor, o Criador passou a modelar o primogênito dos anjos.
Toda sabedoria aplicou ao formá-lo, fazendo-o perfeito. Com
ternura concedeu-lhe a vida; o formoso anjo, como que despertando de
um profundo sono, abriu os olhos e contemplou a face de seu Autor.
Com
alegria, o Eterno mostrou-lhe as belezas do paraíso,
falando-lhe de Seus planos, que começavam a se concretizar. Ao
ser conduzido ao lugar de sua morada, junto ao trono, o príncipe
dos anjos ficou agradecido e, com voz melodiosa, entoou seu primeiro
cântico de louvor.
Das
alturas de Sião, descortinava-se, aos olhos do formoso anjo,
Jerusalém em sua vastidão e esplendor. O rio da vida,
ao deslizar sereno em meio à Cidade, assemelhava-se a uma
larga avenida, espelhando as belezas do jardim do Éden e das
mansões angelicais.
Envolvendo
o primogênito dos anjos com Seu manto de luz, o Eterno passou a
falar-lhe dos princípios que haveriam de reger o reino
universal. Leis físicas e morais deveriam ser respeitadas em
toda a extensão do governo divino.
As
leis morais resumiam-se em dois princípios básicos:
amar a Deus sobre todas as coisas e viver na fraternidade com todas
as criaturas. Cada criatura racional deveria ser um canal por meio do
qual o Eterno pudesse jorrar aos outros vida e luz. Dessa forma, o
Universo cresceria em harmonia, felicidade e paz.
Depois
de revelar ao formoso anjo as leis de Seu governo, o Eterno
confiou-lhe uma missão de grande responsabilidade: seria o
protetor daquelas leis, devendo honra-las e revela-las ao Universo
prestes a ser criado. Com o coração transbordante de
amor a Deus e aos semelhantes, caber-lhe-ia ser um modelo de
perfeição: seria Lúcifer, o portador da luz.
O
príncipe dos anjos; agradecido por tudo, prostrou-se ante o
amoroso Rei, prometendo-Lhe eterna fidelidade.
O
Eterno continuou Sua obra de criação, trazendo à
existência inumeráveis hostes de anjos, os ministros do
reino da luz. A Cidade Santa ficou povoada por essas criaturas
radiantes que, felizes e gratas, uniam as vozes em belíssimos
cânticos de louvor ao Criador.
Deus
traria agora à existência o Universo que, repleto de
vida, giraria em torno de Seu trono firmado em Sião.
Acompanhado por Seus ministros, partiu para a grandiosa realização.
Depois
de contemplar o vazio imenso, o Eterno ergueu as poderosas mãos,
ordenando a materialização das multiformes maravilhas
que haveriam de compor o Cosmo. Sua ordem, qual trovão, ecoou
por todas as partes, fazendo surgir, como que por encanto, galáxias
sem conta, repletas de mundos e sóis – paraísos de vida
e alegria -, tudo girando harmoniosamente em torno do monte Sião.
Ao
presenciarem tão grande feito do supremo Rei, as hostes
angelicais prostraram-se, fazendo ecoar pelo espaço iluminado
um cântico de triunfo, em saudação à vida.
Todo o Universo uniu-se nesse cântico de gratidão, em
promessa de eterna fidelidade ao Criador.
Guiados
pelo Eterno, os anjos passaram a conhecer as riquezas do Universo.
Nessa excursão sideral, ficaram admirados ante a vastidão
do reino da luz. Por todas as partes encontravam mundos habitados por
criaturas felizes que os recebiam em festa. Os anjos saudavam-nos com
cânticos que falavam das boas novas daquele reino de paz.
Tão
preciosa como a vida, a liberdade de escolha, através da qual
as criaturas poderiam demonstrar seu amor ao Criador, exigia um teste
de fidelidade. Com o propósito de revelá-lo, o Eterno
conduziu as hostes por entre o espaço iluminado, até se
aproximarem de um abismo de trevas que contrastava com o imenso
brilho das galáxias. Ao longe, esse abismo revelara-se
insignificante aos olhos dos anjos, como um pontinho sem luz; mas à
medida de sua aproximação, mostrou-se em sua
enormidade. O Criador, que a cada passo revelava aos anjos os
mistérios de Seu reino, ficou ali silencioso, como que
guardando para Si um segredo. As trevas daquele abismo consistiam no
teste da fidelidade. Voltando-Se para as hostes, o Eterno solenemente
afirmou:
-"Todos
os tesouros da luz estarão abertos ao vosso conhecimento,
menos os segredos ocultos pelas trevas. Sois livres para me servirem
ou não. Amando a luz estareis ligados à Fonte da Vida".
Com
estas palavras, fez Deus separação entre a luz e as
trevas, o bem e o mal. O Universo era livre para escolher seu
destino.
A
Criação do Universo 2
O
tão acalentado sonho do Criador se concretizara. Agora, como
Pai carinhoso, conduzia as criaturas através de uma eternidade
de harmonia e paz. Em virtude do cumprimento das leis divinas, o
Universo expandia-se em felicidade e glória.
Havia
um forte elo de amor, que a todos unia fortemente. Os seres
racionais, dotados da capacidade de um desenvolvimento infinito,
encontravam indizível prazer em aprender os inesgotáveis
tesouros da Sabedoria divina, transmitindo-os aos semelhantes. Eram
como canais por meio dos quais a Fonte da Eterna Vida nutria a todos
de amor e luz.
Em
Jerusalém, os ministros do reino reuniam-se ante o soberano
Rei, sempre prontos a cumprir os Seus propósitos. Era através
de Lúcifer que o Eterno tornava manifesto os Seus desígnios.
Depois de receber uma nova revelação, ele prontamente a
transmitia às hostes angelicais. Estas, por sua vez, a
compartilhavam com a criação. Em célere vôo
os anjos rumavam para as terras planetas capitais, onde, em grandes
assembléias, reuniam-se os representantes dos demais mundos.
Em
muitas dessas assembléias, Lúcifer fazia-se presente,
enchendo os participantes de alegria e admiração.
Perfeito em todas as virtudes, ele os cativava com sua simpatia.
Nenhum outro anjo conseguia revelar como ele os mistérios do
amor do Eterno.
O
Universo, alimentando-se da Fonte da Vida, expandia-se numa
eternidade de perfeita paz. A obediência às leis divinas
era o fundamento de todo progresso e felicidade. Ainda que
conscientes do livre-arbítrio, jamais subira ao coração
de qualquer criatura o desejo de se afastar do Criador. Assim foi por
muito tempo, até que tal problema irrompeu na vida daquele que
era o mais íntimo do Eterno.
Lúcifer,
que dedicara sua vida ao conhecimento dos mistérios da luz,
sentiu-se aos poucos atraído pelas trevas. O Rei do Universo,
aos olhos de quem nada pode ser encoberto, acompanhou com tristeza os
seus passos no caminho descendente que leva à morte. A
princípio, uma pequena curiosidade levou Lúcifer a se
aproximar daquele abismo profundo. Contemplando-o, ele começou
a indagar o porquê de não poder compreender o seu
enigma.
Retornando
a seu lugar de honra, junto ao trono, prostrou-se ante o divino Rei,
suplicando-Lhe:
-
Pai, dá-me a conhecer os segredos das trevas, assim como me
revelas a luz.
Ante
o pedido do formoso anjo, o Eterno, com voz expressiva de tristeza,
disse-lhe:
-
Meu filho, você foi criado para a luz, que é vida.
Convencendo-se
de que o Criador não lhe revelaria os tesouros das trevas,
Lúcifer decidiu compreender por si mesmo o enigma. Julgava-se
capacitado para tanto.

Deus sabia o que se passava no coração de Lúcifer.
O anjo, que fora criado para ser o portador da luz, estava
divorciando-se em pensamentos do bondoso Criador que, num esforço
de impedir o desastre, rogava-lhe permanecer a Seu lado.
Uma
tremenda luta passou a travar-se em seu íntimo. O desejo de
conhecer o sentido das trevas era imenso, contudo, os rogos daquele
amoroso Pai, a quem não queria também perder, o
torturavam. Vendo o sofrimento que sua atitude causava ao Criador, às
vezes demonstrava arrependimento, mas voltava a cair.
Antes
de criar o Universo, Deus já previra a possibilidade de uma
rebelião. O risco de conceder liberdade às criaturas
era imenso, mas, sem este dom, a vida não teria sentido.
Ele
queria que a obediência fosse fruto de reconhecimento e amor,
por isso decidiu correr o grande risco.
Ainda
que prosseguisse na busca do sentido das trevas, Lúcifer não
pretendia abandonar a luz. Esforçava-se para chegar a uma
combinação entre essas partes que, no reino do Eterno,
coexistiam separadas. Finalmente, com um sentimento de exaltação,
concebeu uma teoria enganosa, que pretendia apresentar ao Universo
como um novo sistema de governo, superior ao governar do Eterno.
Denominou sua Lei "a ciência do bem e do mal".
Estruturada
na lógica, a ciência do bem e do mal revelou-se atraente
aos olhos de Lúcifer, parecendo descerrar um sentido de vida
superior àquele oferecido pelo Criador, cujo reino
possibilitava unicamente o conhecimento experimental do bem. No novo
sistema, haveria equilíbrio entre o bem e o mal, entre o amor
e o egoísmo, entre a luz e as trevas.
Ao
longo do tempo em que amadurecera em sua mente a ciência do
bem e do mal, Lúcifer soube guardar segredo diante do
Universo. Continuava em seu posto de honra, cumprindo a função
de Portador da Luz. Contudo, por mais que procurasse fingir, seu
semblante já não revelava alegria em servir ao Eterno.
O
divino Rei, que sofria em silêncio, procurava, por meio de Suas
revelações de amor, preparar as criaturas racionais
para a grande prova que se aproximava. Sabia que muitos dariam ouvido
à tentação, voltando-Lhe as costas. A noite da
provação faria sobressair, contudo, os verdadeiros
fiéis – aqueles que serviam ao Criador não por
interesse, mas por amor.
Ao
ver que a hora da prova chegara, e que Lúcifer estava pronto
para traí-Lo diante do Universo, o Eterno, que jamais cessara
de revelar os tesouros de Sua sabedoria, tornou-se silencioso e
contemplativo. O silêncio fez reviver no coração
das hostes a lembrança daquela primeira excursão
sideral, quando, depois de lhes mostrar as riquezas do reino da luz,
Deus tornou-se silencioso ante aquele abismo. Lembram-se de Suas
palavras: "Todos os tesouros da luz estarão abertos ao
vosso conhecimento, menos os segredos ocultos pelas trevas. Sois
livres para me servirem ou não. Amando a luz estareis ligados
à Fonte da Vida".

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